A Cia de Teatro do Conservatório de Tatuí com direção de Carlos Ribeiro apresenta o segundo espetáculo do repertório da Cia “Vereda da Salvação” de Jorge Andrade na Casa de Cultura “Tarsila do Amaral”, Rua Saldanha Marinho, 188 - centro de Capivari no sábado, 02/07/2011 às 20h30, fazendo parte da programação das festividades de aniversário do Município que completa 179 anos.
Vereda da Salvação foi escrito por Jorge Andrade entre os anos de 1957 e 1963. Considerada um dos marcos da dramaturgia nacional é ambientada no sertão e foi inspirada em um fato verídico ocorrido em 1955 num lugar chamado Catulé, na fazenda São João da Mata, município de Malacacheta, onde um grupo de meeiros, membros da Igreja Adventista da Promessa, havia morto quatro crianças, acusadas de estarem possuídas pelo demônio.
Fato verídico e marco da dramaturgia brasileira é polêmico e muito estudo, um segue abaixo artigo de Maria Cristina de Lima Aguillar Bolzani, sobre “Vereda da Salvação”
Maria Cristina de Lima Aguillar Bolzani realiza o estudo da obra dramática Vereda da Salvação, pertencente ao ciclo Marta, a árvore e o relógio de Jorge Andrade, pelo método da análise do dialogismo discursivo de Mikhail Bakhtin. Dá ênfase especial ao discurso religioso messiânico como apropriação parodística (não cômica), por parte de um grupo de trabalhadores rurais que tinham sido posseiros, do discurso religioso católico tradicional, próprio da sociedade dominada pelos fazendeiros, entre os quais se encontram os que lhes retiraram as terras. Mostra também como um discurso cristão fundamentalista, portanto autoritário, contribuiu para a formação contraditória desse discurso messiânico. Aprofunda a análise do conflito discursivo entre os próprios ex-posseiros, através da utilização persuasiva dos discursos da natureza e do bom senso em confronto, que em alguns momentos se torna aberto, com os autoritários discursos fundamentalista e messiânico.
Observa o conflito vivido intimamente por Dolor, mãe de Joaquim, protagonista do movimento messiânico, entre o uso do discurso da natureza e do senso comum e o uso do discurso messiânico, ao qual acaba por aderir, consciente do seu caráter ilusório, por amor ao filho e com o fim de denunciar a sociedade injusta que os tem feito sofrer, como sofreram Cristo e a Virgem Maria, com os quais Joaquim e Dolor se identificam. E interpreta o desfecho do drama como o resultado da oposição entre dois discursos autoritários, em que os detentores do discurso católico tradicional preferem recorrer à força das armas da polícia para silenciar os potencialmente subversivos seguidores do discurso messiânico, enquanto os agregados mais conscientes se deixam matar, não como crentes messiânicos, mas como pessoas que partilham de um protesto radical contra a injustiça estrutural daquela sociedade. O recurso à teoria de Durkheim sobre a religião como forma de coesão social e à teoria de Northrop Frye sobre o mito de interesse ajuda a explicar a transformação de um conflito social num conflito religioso, expresso pela figuração artística original de uma obra de literatura dramática.
Observa o conflito vivido intimamente por Dolor, mãe de Joaquim, protagonista do movimento messiânico, entre o uso do discurso da natureza e do senso comum e o uso do discurso messiânico, ao qual acaba por aderir, consciente do seu caráter ilusório, por amor ao filho e com o fim de denunciar a sociedade injusta que os tem feito sofrer, como sofreram Cristo e a Virgem Maria, com os quais Joaquim e Dolor se identificam. E interpreta o desfecho do drama como o resultado da oposição entre dois discursos autoritários, em que os detentores do discurso católico tradicional preferem recorrer à força das armas da polícia para silenciar os potencialmente subversivos seguidores do discurso messiânico, enquanto os agregados mais conscientes se deixam matar, não como crentes messiânicos, mas como pessoas que partilham de um protesto radical contra a injustiça estrutural daquela sociedade. O recurso à teoria de Durkheim sobre a religião como forma de coesão social e à teoria de Northrop Frye sobre o mito de interesse ajuda a explicar a transformação de um conflito social num conflito religioso, expresso pela figuração artística original de uma obra de literatura dramática.
QUEM É QUEM EM 'VEREDA DA SALVAÇÃO'
Carlos Doles (Joaquim)
Rogério Vianna (Manoel)
Fernanda Mendes (Artuliana)
Daniele Silva (Ana)
Antonio Ramos (Geraldo)
Carlos Ribeiro (Onofre)
Erica Pedro (Durvalina)
Adriana Afonso (Conceição)
Nathalie Abreu (Germana)
Marcos Caresia (Pedro)
Mabliane Jacob (Jovina)
Renata Cresciulo (Eva)
Hugo Muneratto (Sem)
Camila Vieira (Daluz)
Gabriel Tonin (Agregado)
William Priante (Marido da Daluz)
Ana Raquel (Agregado)
Iuri Proença (Agregado)
Cenografia e adereços: Jaime Pinheiro
Figurinos: Carlos Alberto Agostinho
Costureiro: Lázaro Catel
Maquiagem: Dalila Ribeiro
Iluminação: Odilon Lamego
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