quinta-feira, 21 de novembro de 2013

“Pereira Ignácio” ganha busto na entrada do Centro Municipal de Eventos de Boituva


A Prefeitura de Boituva, preocupada com o resgate e valorização do patrimônio histórico, iniciou em novembro a recolocação do busto de Antônio Pereira Inácio. O local escolhido foi a entrada principal do Centro Municipal de Eventos, em frente a rua que leva o seu nome.
O Monumento foi uma homenagem feita pelos boituvenses ao devoto de São Roque e no ato de sua inauguração o busto foi colocado na Praça da Matriz. Após ser transferido para vários lugares no município, foi fixado no início da Rua José Biagonni, a Rua da Feira, porém devido a um acidente com um caminhão, a estátua foi removida do local para um reparo e ficou guardada por alguns anos, até que a atual gestão resolveu reinstalar o monumento nos jardins de entrada do Centro Municipal de Eventos “Francisco Gianotti”.
Devido a importância de vida de Pereira Inácio ao município de Boituva, a Secretaria de Educação e Cultura está reinstalando o busto que deverá ter o acabamento finalizado o mais breve possível, devolvendo ao município um Patrimônio da cidade. O Monumento de Antônio Pereira Inácio simboliza o progresso de Boituva e agora poderá ser visitada e apreciada pelos boituvenses, salvaguardando os benefícios trazidos em sua bagagem a cidade de Boituva.
História Antonio Pereira Ignácio
Pereira Ignácio nasceu no Distrito do Porto, na freguesia de Vitorino dos Piães, mais propriamente na aldeia de Baltar, onde moravam seus pais João Pereira Ignácio e Maria Coelho Pereira. Seu nascimento deu-se no dia 29 de março de 1874 e por lá permaneceu até atingir 10 anos de vida, quando seu pai resolveu vir para o Brasil, trazendo Antonio consigo.
Seu pai estabeleceu-se primeiramente em Sorocaba, cidade que vivia uma excelente fase de crescimento e era um centro comercial dos mais ativos da Província de São Paulo. Sorocaba já era famosa devido à sua feira de muares, que atraía muita gente, não só vendedores e compradores dos animais. E paralelamente, crescia a indústria e o comércio de outros gêneros.
João Pereira Ignácio, seu pai, estabeleceu-se em Sorocaba com uma sapataria para fabricação de alguns tipos de calçados e para consertos e colocação de novas solas nos calçados. O que deu oportunidade para Antonio também aprender o ofício.
Antonio mudou-se para São Manoel acompanhando seu pai, e em seguida para Botucatu e depois Itapetininga. Permaneceu naquela região alguns anos, vindo a casar-se com uma jovem da região chamada Lucinda Rodrigues Viana, filha de um homem muito popular na região, conhecido como Chico das Violas.
Em Itapetininga nasceram dois de seus filhos, João e Paulo. Antonio Pereira Ignácio não era apenas um homem trabalhador. Tinha muita coragem à procura de negócios, iniciativa e tinha um senso de comércio incomum. Naquela época a instalação de armazéns de Secos e Molhados era um dos negócios mais rentáveis e assim começou a formar seu capital.
Nos fins do século XIX mudou-se para Boituva, que na época atraía muitos moradores, pois a Estrada de Ferro Sorocabana tinha instalado no local um ponto de partida de ramais para alcançar outras cidades do Sudoeste paulista.
Em Boituva iniciou seus trabalhos pelo ofício de sapateiro que seu pai lhe ensinara, montando uma loja do ramo do qual era um grande conhecedor. Sendo um homem muito perspicaz e arrojado, mudou de ramo, instalando um armazém de secos e molhados. Na época a região tinha grandes plantações de algodão, planta nativa, que vivia uma fase de valorização por haver muita exportação do produto, principalmente para a Inglaterra, que não contava com o algodão do Sul dos Estados Unidos, que por sua vez não havia ainda se restabelecido dos estragos da guerra de libertação dos escravos.
Pereira Ignácio percebeu as dificuldades que o distrito tinha por ter que mandar o produto ainda encaroçado para São Paulo ou Sorocaba, deixando seu preço irrisório. Inteligente como era, montou num local ainda simplesmente conhecido como estação Boituva, uma máquina de descaroçar algodão, passando a entregar a produção para ele, alcançando melhores preços. Mas ele não se acomodou. Como marcou sua vida pelo arrojo, também montou uma serraria, com isso trazendo mais progresso para o lugar chamado Boituva.
No princípio do século XX a região do Sudoeste paulista viveu um período crítico no aspecto de salubridade devido a uma onda de febre amarela que alcançava a região, inclusive causando várias mortes. Outro aspecto em sua personalidade era sua fé religiosa. Tendo liderança no lugar e unindo-se com outras famílias, como os Vercelino e Sartorelli, fizeram uma promessa a São Roque para que o surto da febre não causasse mais mortes.
Sua promessa feita para São Roque foi atendida e nossa cidade deve a ele, até os dias de hoje, a manutenção do nome de seu padroeiro. Fez uma viagem especialmente para adquirir uma imagem do santo em agradecimento ao milagre. Sua visão comercial e de progresso foi demonstrada pelo que fez em Boituva. Juntamente com um dos membros da família Vercelino instalou em Boituva o primeiro serviço de abastecimento de água nas residências que existiam no local. Em Boituva nasceu sua filha Helena, que se casou com José Ermírio de Moraes, cujos filhos herdaram do avô o mesmo espírito trabalhador e progressista, como é o caso de Antonio Ermírio de Moraes, que prepara seus filhos para o futuro de Votorantim. Não só de arrojo industrial e comercial era Antonio Pereira Ignácio. Era também sensível aos problemas boituvenses. Devido ao grande número de analfabetos na cidade montou uma escola noturna de alfabetização, principalmente destinada a alfabetizar aqueles que trabalhavam durante o dia, demonstrando, com isto, muita sensibilidade e preocupação com a evolução do próximo. Construiu em Boituva uma capela de homenagem a São Roque, com apoio popular; e atendendo ao bispo da região, que a achou pequena, construiu mais duas alas por sua conta.
Quando da construção da igreja que antecedeu a atual foi tesoureiro e líder do movimento popular e no Jornal de Porto Feliz, datado de 31 de março de 1907, consta o seu relatório da tesouraria da campanha, pois ia se mudar definitivamente para Sorocaba. Em sua vida plena de reconhecimento e cidadania não se esqueceu de Boituva e continuou a colaborar com o progresso do lugar, instalando aqui uma de suas fábricas, a Tecelagem São João, que criou muitas vagas de trabalho, sendo muito representativa para um distrito que constava com apenas 1.800 habitantes em sua zona urbana. Aos seus operários construiu conjunto de casas populares e é lembrado por muitas das famílias beneficiadas até os dias de hoje.
Quando de sua iniciativa de organizar a Companhia Telefônica Sul Paulista, que passou a atender todo o Sudoeste do estado, não deixou de atender Boituva. Mas não só instalando linhas na área urbana como também nas indústrias e residências de moradores também na zona rural. O acervo dessa companhia vendeu a Companhia Bragantina, que com outras vieram a compor a Companhia Telefônica Brasileira.
Nunca se esqueceu de Boituva e visitava o distrito mensalmente, quando era recepcionado por muita gente agradecida, e sempre com sua notória frase “A Rabeca não para deve ire e bire”. Hospedava-se, quando vinha, na residência da família Barreto. Seu trabalho e sua dedicação continuou e no seu ritmo de progresso veio a adquirir a Votorantim em Sorocaba, a princípio com outro sócio, para depois ficar sozinho na administração da empresa, que se tornou um dos maiores grupos industriais do Brasil, com mais de 200 fábricas e usinas diversas de hidroelétricas, com expressiva exportação de 25 por cento de sua produção. Durante sua vida sempre prestigiou nossa cidade, atendendo e colaborando para seu crescimento, até quando veio a falecer, no final de 1951.
A cidade de Boituva é muito agradecida a tudo que fez por ela e em sua homenagem tem uma de suas principais ruas com o seu nome. (CASTILHO,J. Boituva – A Águia da Castelo. A Capital do Paraquedismo. Editora Ottoni. 2011. P. 349 - 352).
Da Assessoria de Comunicação
Prefeitura de Boituva
(15) 3363.8802 ou (15) 99787.5082

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