segunda-feira, 8 de outubro de 2012

O Agreste de Moreno marca o terceiro dia do FETESP


Arte do Cartaz de Paulo Rogério Ribeiro/Conservatório de Tatuí

Evoé!!! Evoé!!! Evoé!!!

O Agreste de Moreno tem uma estrutura aberta, mais de provocação do que naturalista e é dividida em três blocos.

O primeiro é o tempo mítico. “Ele andava muito para encontrá-la.” Tudo é indeterminado, e na encenação isotópica de Bia Molognoni, a narradora, interpretada por Tatá Nascimento, num brilhante trabalho como atriz do Festival até o momento, narrava a história encenada por seis atores, três casais com leveza e um primor cênico que encantava ao ver o organismo do Agreste; ações, respirações, sentimentos particulares de cada ator, mas único num todo. Uma máquina teatral exata que apresenta os vizinhos nordestinos na descoberta do amor.

No segundo bloco, “naquele dia, naquela manhã...”, é o tempo focado, e cada vez mais o espetáculo vai mostrando a que veio e desperta a reflexão para questões que ultrapassam as expectativas de uma estória amorosa, mas não o amor utópico, nem tão pouco, o amor interessado ou o amor físico, mas na verdade o comportamento social como o preconceito, estereótipo e ignorância. Na encenação o estereotipo do casal nordestino é deixado em segundo plano, com certeza porque tal situação pode acontecer com qualquer pessoa, casal e na movimentação cadenciada pelos andaimes a propriedade por cada ato dos atores e pela narrativa direcionava a platéia a esse comportamento. Pois nada havia até então de estranho a olho nu, mas se por um momento de distração a platéia piscar os olhos, entre o segundo e o terceiro ato, é capaz de não entender os porquês da situação que se envolveu o casal de vizinhos nordestinos que viveram no meio da seca e isso também é significativo pra essa montagem.

O terceiro é a condição psicofísica dos personagens. “O sol”, “muito tempo caminhando” se depara, amargamente, com o dizer de Sartre “O inferno são os outros”, pois, até então, 22 anos, uma vida era vivida na mais perfeita harmonia, até o momento que o parceiro morre, e a história para o outro se torna um tormento ao se deparar com comportamentos conservadores e patriarcais de nossa sociedade. A relação heterossexual hipócrita ainda prevalece sobre uma relação homossexual franca e ao mesmo tempo, a ignorância não é nem corrigida, nem perdoada. E o espetáculo que acalorou a noite de segunda-feira, terceiro dia de Festival, soube, num trabalho de atores primoroso, dedicado e sério, apresentar a cena tatuiana o que é um espetáculo com acabamento.

Se a platéia ao final do espetáculo não sente a necessidade de aplaudir, tudo bem, o silêncio também é uma forma rica de expressar a indignação e, cabe muito bem ao “Agreste” do CEUNSP de Itu que apresentou um espetáculo repleto de significados.

Baco!!! Baco!!! Baco!!!

Foto Divulgação Trupé de Teatro
MOSTRA PARALELA
Praça da Matriz,  às 12h
Espetáculo: Contos de Cascudo
Autor: o Grupo
Direção: Carlos Doles
Grupo: Trupé de Teatro
Cidade: Votoratim

Praça da Matriz, às 17h

Espetáculo: O Esperto Imaginário
Autor: o Grupo
Direção: Carlos Doles
Grupo: Trupé de Teatro
Cidade: Votoratim

Anexo 9 - Sala Preta - 18h30

Espetáculo: Cabaré Lástima
Autor: o Grupo
Direção: Ludmila Castanheira
Grupo: Classe de Aperfeiçoamento  de Teatro do Conservatório de Tatuí / 2012
Cidade: Tatuí
Recomendação: Maiores de 12 anos

Quem vem aí!!! Quem vem aí!!! Quem vem aí!!!
“Alegorias Pantagruélicas”
Foto Lucas Rosa
Dia 9 de outubro - Terça-feira
Teatro Procópio Ferreira, às 20h30
Espetáculo: “Alegorias Pantagruélicas”
Direção: Ingrid Koudela
Autor: Fragmentos de François Rebelais
Recomendação: Livre
Universidade de Sorocaba - Sorocaba

Elenco
Bruno Viana / Carol Paiffer / Daiane Rodrigues / Erica Soares / Fernanda Geraldino / Graziele Almeida / Hérmerson Pivetta / Jaqueline Rodrigues / Laís Vandeveld / Larissa Andrade / Larissa Bassoi / Leandro de Jesus / Lucas Rosa / Luci Cavassana / Luiz Terra / Marcela Lahoud / Mariana Mendes / Matheus Faria / Rafael Labarca / Rafaela Campos / Rodolfo Kenai / Tanja Luehr / Tatiana Veronezzi / Thailini Rocha / Thaís Almeida / Victor Mota

Ficha Técnica
Ingrid Koudela / Encenação e Dramaturgia
Dado Barros / Assistente de Dramaturgia
Maia Koudela / Trabalho de Corpo
Lucas Rosa / Direção Musical
Marco Thomaz / Iluminador
Jaime Pinheiro / Cenografia e Indumentária
Maia Koudela / Trabalho de Corpo
Lucas Rosa e Paulinho Batista / Fotografia e filmagem
Patrícia Neves / Professora Responsável
Coordenação do curso: Tania Boy

Grupo de teatro da Universidade de Sorocaba: Formado a partir da estrutura do curso oferecido pela Universidade de Sorocaba, pelos alunos do primeiro, terceiro e quinto período. Ao sair do ambiente dass salas de aulas tradicionais, o espetáculo suspirou ares e passou a trocar energias com ambientes exteriores. O grupo continua trabalhando com o espetáculo no segundo semestre, na disciplina de pedagogia do teatro, com a professora Patrícia Neves.

Sinopse: O espetáculo “Alegorias Pantagruélicas” é a narração de toda a aventura de Pantagruel – da voz de Rabelais – desde seu nascimento até o encontro com a Sibila. Os acontecimentos desse universo quinhentista são trazidos para o que é mais próximo de nossos hábitos brasileiros. Imagens, textos e sons nos remetem aos costumes medievais

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