segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Porque entre Deus e o Diabo está o Homem...

Terceiro Sinal. Sala escura, ausência de luz, grunhidos, respiração aflita, olhares arregalados, perturbação, medo e angustia. É o início do descontentamento de Fausto.

Foto do facebook de Eric Campi



Fausto (questiona-se): Quem sou eu, se não posso alcançar, afinal, a coroa com louros da nossa humanidade, a que todos almejam com tanta ansiedade?


Mefistófeles (provoca) - Não és mais,
meu senhor, do que é: um mortal!
Perucas pode ter, com louros aos milhões.
Alçar-te com teus pés nos mais altos tacões,
serás sempre o que és:
um pobre ser mortal!!




O XXIV Festival Estudantil de Teatro do Estado de São Paulo, coordenado por Carlos Ribeiro apresentou na sexta-feira o espetáculo “A Trajetória de Dr. Fausto” inspirado em Fausto de Goethe e o Teatro Procópio Ferreira do Conservatório de Tatuí deixou-se levar pelo desejo tenebroso do enamorado de Margarida.

Numa encenação sombria e carregada, a história do protagonista que vende sua alma a Mefistófeles foi correta na concepção. A iluminação era um acréscimo a evocação de Fausto ao negociar seu não envelhecimento ao inimigo da luz.

Os atores, ainda que jovem, sabiam exatamente manipular os signos desenhados pelo diretor Alexandre Ferreira, um pouco de Antunes Filho e outro pouco do teatro desenvolvido por Ricardo Karman da Cia de Teatro do Centro da Terra foi visto brilhantemente no teatro do Conservatório quando os sete pecados apresentam a platéia o que diariamente nós humanos, fazemos para nos igualar a Fausto.

Asmodeus, Belzebu, Mammon, Belphegor, Azazel, Leviatã e Lúcifer se opõem as sete virtudes e durante toda a saga de Fausto o bem e o mal disputam a alma do alquimista e na concepção fabulosa do diretor de Alexandre realizada com cerca de 20 alunos do Colégio Vicentinos de forma extracurricular visa abordar de forma a estimular o estudo da arte e cultura, claramente o objetivo é atingido, visto que o diretor apresenta aos seus alunos Willian Shakespeare (Romeu e Julieta em 2010) e esse ano uma obra inspirado no Clássico de Goethe. Numa iniciativa de realizar apresentações para a comunidade, fico imensamente feliz ao ver um trabalho como esse e o realizado pelas Escolas de nosso estado e a felicidade é mais acentuada quando o trabalho desenvolvido torna-se com qualidade de Teatro Amador.

Enfim, agora sabemos a importância de um Festival Estudantil, como o FETESP, misturar estéticas e acentuar que o teatro e a educação caminham sempre de mãos dadas.

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