quinta-feira, 8 de março de 2012

Dia Internacional da Mulher. Parabéns Mulheres!

 
Foto arquivo de Mônica Rodrigues Morato
Hoje, Dia Internacional da Mulher. Parabéns Mulheres! Mulheres que desde sempre foram o esteio da família e que formaram cidadãos, filhos, maridos, pais, avôs, que antes tinham voz ativa em casa, mas que sempre foram pertinentes nas ações que tomavam, mulheres que mães de família resolveram se manifestar pelo patriotismo, pelo anseio de opinar para a construção de um Brasil mais humano e livre de pré-conceitos.

No Brasil, um passo importante foi tomada pelo Presidente Getúlio Vargas. Através do Decreto nº. 21.076, de 24 de fevereiro de 1932, é instituído o Código Eleitoral Brasileiro, e o artigo 2 disciplinava que era eleitor o cidadão maior de 21 anos, sem distinção de sexo, alistado na forma do código. É de ressaltar que as disposições transitórias, no artigo 121, dispunham que os homens com mais de 60 anos e as mulheres em qualquer idade podiam isentar-se de qualquer obrigação ou serviço de natureza eleitoral. Logo, não havia obrigatoriedade do voto feminino.

Mesmo assim, as mulheres não se calaram. Exemplo vivo dessa voz foi uma tatuiana, Chiquinha Rodrigues, que como membro do Departemento Feminino da Federação dos Voluntários viajou pelo interior do Estado de São Paulo, chegando ao mais longínquo município do sertão paulista a serviço de incentivar o alistamento e teve sua nobre missão coroada de êxito. Diante da agitação em prol do alistamento, Chiquinha Rodrigues, criou a Bandeira Paulista de Alfabetização e a Sociedade Luiz Pereira Barreto.

Em entrevista para o jornal “Folha da Noite” sobre “O que tem feito a mulher paulista no sector político” D. Chiquinha Rodrigues fala sobre a cooperação feminina na organização partidária da federação dos voluntários, no interior do Estado. Chiquinha diz “A federação dos Voluntários, a facção que representa o anseio da mocidade paulista vem encontrando o mais decido apoio em todos os municípios do Estado. A colaboração da mulher muito tem concorrido para isso, sendo a mais forte e intensa que se pode imaginar. Continua a mulher sendo o braço que ampara, a voz que estimula o homem do estado de São Paulo. Integrada na causa ardorosa, ela age hoje como agiu ontem, com denodo e firmeza. Em todas as cidades de São Paulo, a Federação tem encontrado na mulher a colaboradora eficiente. Como sabe, a Federação tem sua situação perfeitamente consolidada em todo São Paulo, convindo no ar que para esse trabalho muito concorreu não só o nosso estado de alma, como a necessidade de colaboração imediata de um partido sadio para a estabilidade da nossa organização interna

A maior conquista da mulher brasileira, naqueles tempos, foi, sem dúvida, o direto de participar com o seu voto, dos destinos políticos da Nacionalidade. Em São Paulo, sobretudo, não pôde a mulher paulista fugir a esse imperioso dever de civismo, por isso que na sublime cruzada pela reconstitucionalização do País, escreveu, com letras de ouro e sangue, as páginas de abnegação o patriotismo que hoje rebrilham na história imortal de nossa terra.

Não será preciso relembrar o que está na memória de todos: o papel desempenhado pelas damas de São Paulo, no Movimento Constitucionalista de 1932. As mulheres paulistas, deram o que possuíam de mais sagrado: os seus filhos, os seus noivos, os seus maridos e os seus pais; o seu trabalho e o seu ouro; enfim, a sua alma, o seu coração, a sua atividade e a sua riqueza. Chiquinha Rodrigues, neste Movimento fez propaganda, motivo de um patriotismo incomum nos dias de hoje, e encaminhou seus 5 filhos para a Revolução o mais velho com 15 anos e o caçula com 09 anos. Inicia-se aí a Militância de Chiquinha Rodrigues

Chiquinha Rodrigues, um exemplo de nossa “Cidade Ternura” lançou à candidatura a deputada estadual e apesar do número expressivo de votos não foi o suficiente para assumir o mandato, porém garantiu a vitória do Partido Constitucionalista. Em julho de 1935, como suplente, assume a cadeira na Assembléia Legislativa, e, então pode acentuar a batalha pela Educação, Cultura, Saúde Pública e Agricultura.

Batalhadora, única mulher que ocupou a cadeira de prefeita de Tatuí, e, em 15 meses de gestão realizou várias obras como: a construção e instalação do Grupo Escolar “Chico Pereira”, do Jardim da Infância e do Prédio da Creche. Criou a Avenida Firmo Vieira de Camargo, para facilitar o acesso do centro da cidade a Estação de Trem, iniciou a construção do segundo bloco do Mercado Municipal “Nilzo Vanni”, instalou o curso Colegial no Ginásio Estadual e construiu refeitório na Escola Normal, ampliou o Cemitério “Cristo Rei” e deixou em fase de acabamento o matadouro e a estação rodoviária. Encerrando o mandato em dezembro de 1946.

No dia 07 de outubro de 1966, em Águas de Lindóia, passa mal e no domingo dia 09/10/1966 – ás 23 horas, em São Paulo o Brasil perde a Voz da Mulher que promoveu o Bandeirismo da Alfabetização, que promoveu e criou numerosas escolas primárias e profissionais, clubes agrícolas e hortas escolares.

Mulher que incentivou o plantio de bosque, sempre preocupada com as matas. Chiquinha Rodrigues distribuiu gratuitamente milhares de livros didáticos, cadernos, folhetos e objetos de escritório. Publicou e distribuiu gratuitamente milhões de “comunicados” sobre História do Brasil, Geografia e Agricultura. Foi precursora do movimento sob os louros do “Mobral” como reconhecem os dignitários do ensino primário do país.

Em nossa memória, Chiquinha foi, por pouco tempo, menos lembrada, mas o futuro é atento ao passado, por esse motivo que há 06 anos no mesmo “Dia Internacional da Mulher” é publicado no Diário Oficial da Cidade de São Paulo um artigo cujo tema “As mulheres que deixaram sua marca na história de São Paulo” e na Educação e Política Chiquinha Rodrigues foi citada.

E na data de hoje, 08/03/2012, depois de aprovado em segundo turno, aos 06/09/2011 pela Câmara Municipal de Tatuí, a Capital da Música homenageará mulheres com o Diploma de Honra ao Mérito “Chiquinha Rodrigues” que foi criado com o objetivo de homenagear mulheres de todos os segmentos da sociedade e que, de alguma maneira, contribuíram para o desenvolvimento social, cultural e econômico, pelos direitos da condição feminina, pela família e pelo próximo.

Enfim, A mulher, parabéns pela conquista, não somente ao Dia Internacional da Mulher, mas pelas ações que vem transformando nossa Tatuí, nosso Estado, nosso País e nosso Mundo em um lugar menos desigual para se viver.


Bibliografia

·        Acervo Folha de São Paulo
·        Acervo da Assembléia Legislativa
·        Tânia Aiko Araguante – Estudo da polifonia nas notícias da Folha de São Paulo relativas a educação – 2010 – Orientadora Professora Dra. Maria Lúcia C.V.O Andrade
·        Mônica Raisa Schpun – Entre o Feminismo e o Masculino: a identidade política de Carlota Pereira de Queiroz – 1999
·        Eliana de Jesus Reis – O Parlamento Paulista e a Questão Educacional: Uma análise dos discursos de Chiquinha Rodrigues (1935-1937) – 2006 – USP
·        Site da Câmara Municipal de Tatuí

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