terça-feira, 22 de novembro de 2011

Nelson Rodrigues no Teatro de Arena em São Paulo

“Quem ainda tem Medo de Nelson Rodrigues” é o Projeto que está em cartaz no Teatro de Arena “Eugênio Kusnet” em São Paulo desde outubro e que é o início das comemorações do centenário de nascimento de um dos maiores dramaturgos do século XX.

Foi por uma montagem da obra de Nelson Rodrigues, Vestido de Noiva dirigido pelo polonês foragido da segunda guerra mundial Zbigniew Ziembinski que revolucionou o teatro brasileiro, em 1943.

Foto do Facebook Círculo dos Canastrões
Nelson Rodrigues é um nome que merece ser aclamado pela cultura brasileira, por ser um homem que expurga em sua dramaturgia os heróis da vida real “Convém não facilitar com os bons, convém não provocar os puros. Há no ser humano, e ainda nos melhores, uma série de ferocidades adormecidas. O importante é não acordá-las” e é no palco que Nelson apresenta para a platéia o que há de mais puro ou impuro, dependendo de cada educação de um homem. O humano é apresentado despido de qualquer máscara “Tudo passa, menos a adúltera. Nos botecos e nos velórios, na esquina e nas farmácias, há sempre alguém falando nas senhoras que traem. O amor bem-sucedido não interessa a ninguém.”.

Em 2011, a Ocupação do Teatro de Arena Eugênio Kusnet pelo Circulo dos Canastrões, Nelson Rodrigues e Convidados dá o ponta pé inicial para as comemorações ao centenário de nascimento do autor que será em 2012, quando a classe artistica do Brasil festejará a memória de Nelson Rodrigues.


Foto do Facebook Círculo dos Canastrões
 "Não foi a primeira vez, nem será a última" é assim que eu apaixonado por Nelson Rodrigues me sinto ao ver uma peça de Nelson em cena e claro que não poderia faltar a um momento como esse, num lugar sagrado aos artistas de teatro, o Teatro de Arena, palco de grandes momentos do panorama de nossa história recente consagrado por Boal, Guarnieri, Lima Duarte, Zé Renato, Sérgio Brito, Monah Delacy enfim uma gama de personalidades que merecem todo nosso respeito e admiração. Por essas personalidades e a grande importância delas no cenário teatral é que devemos respeitar nossa cultura, e não fazer dela um escape para realização de desejos sórdidos escondidos em nosso eu interior, deixemos isso para os personagens rodriguianos, que já o fazem por nós.

Estive prestigiando a Exposição sobre Nelson Rodrigues composta por fotos, cartas, documentos e relíquias de família, a mostra revela um pouco da vida de Nelson Rodrigues e está aberta ao público no 1º andar do Teatro de Arena. Depois de 18 anos de amor a Nelson Rodrigues cada vez que o visito a paixão intensifica e com direção de Marco Antônio Braz, que na década de 90 me fez vibrar com Perdoa-me por me Traíres, me permitiu agora ter o prazer de assistir Renato Borghi como o Aprígio em “O Beijo no Asfalto” e um elenco magnífico formado por Hudson Senna, Élcio Nogueira, Gabriela Fontana, Lívia Ziotti, Carol Carreiro, Willians Mezzacapa, Amanda Pereira, Michel Waisman, Rafael Boese, Adriana Guerra, Rodrigo Fregnan.

A história de “O Beijo no Asfalto”,  escrita em apenas 21 dias a pedido de Fernanda Montenegro e montada pela primeira vez em 1961 pela Companhia Tearo dos Sete, retrata o atropelamento de um homem por um ônibus e, ao agonizar, pede um beijo ao jovem Arandir, que se debruçara para socorrê-lo. Um repórter e um delegado presenciam a cena, interpretam-na a seu modo e desencadeiam uma verdadeira perseguição ao rapaz, que passa a ser vítima de intrigas no trabalho, em casa, em todo lugar.

Foto do Facebook Círculo dos Canastrões
A estética de Braz para apresentar os personagens de O Beijo no Asfalto é focado no sensacionalismo da imprensa escrita que exageradamente choca a mente do espectador que ocupa a sala de espetáculos do Arena, a forma discretamente violenta revela os bandidos da trama e faz fluir os sentimentos, até então, escondidos do sogro. O impacto causado pelo sensacionalismo faz O Beijo do Asfalto ser uma grande tortura ao genro que o sogro insiste em não dizer o nome, a não ser para o seu cadáver, nome esse que é dito de forma chocante na cobertura de um fato familiar e que radicalmente permite aflorar na família de Selminha e Dália “Toda família tem um momento em que começa a apodrecer. Pode ser a família mais decente, mais digna do mundo. Lá um dia aparece um tio pederasta, uma irmã lésbica, um pai ladrão, um cunhado louco. Tudo ao mesmo tempo.”.

Aos apaixonados por Nelson Rodrigues não deixe de prestigiar!!!
No texto acima tem frases na integra de Nelson Rodrigues

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