Foto tirada por Adriana Afonso - Leitura da obra de Roveri |
Na última terça-feira dia 13 de setembro, aconteceu no Setor de artes do Conservatório de Tatuí a terceira leitura da Dramática do ciclo de Leituras que coordenado por Carlos Ribeiro é realizado pela Cia de Teatro do Conservatório de Tatuí. Para essa leitura, o dramaturgo convidado da vez foi Mario Bortolotto do Cemitério de Automóveis, grupo teatral surgido no início dos anos 80 em Londrina no estado do Paraná e que hoje é residente na cidade de São Paulo.
O texto “A frente fria que a Chuva Trás” foi escrito por Mário inspirada numa matéria de jornal que o autor leu durante uma de suas estadias no Rio de Janeiro e que retratou nesta dramaturgia a saga de um grupo de amigos, pertencentes à classe média alta da zona sul carioca e da Barra da Tijuca, que buscam aventuras na periferia da cidade.
O segundo dramaturgo convidado foi Rogério Toscano e a obra escolhida pela Cia para realizar a leitura foi “Os meninos e as pedras” que aborda conflitos históricos como é o caso da vida dos personagens Fátima, árabe e Yonathan, judeu. Esse encontro ocorre na fronteira de um espaço imaginário: o "quintal de suas casas". Desse encontro, vêm à tona os conflitos existentes entre seus povos, bem como a possibilidade de conviverem.
O dramaturgo que abriu o ciclo de leitura temporada 2011 é Sérgio Roveri que em seu texto “Ensaio para um adeus inesperado” acentua o conflito existente na relação familiar e nos medos que o ser humano tem em encarar a vida optando, para num ato, aqui, o do suicídio, as respostas pudessem ser encontradas.
Três dramaturgias diferentes que apresentam ao futuro ator, aluno das Artes Cênicas, as possibilidades que o ofício da arte dramática lhe oferecerá. Um desenvolve o problema família, existencial, onde o mergulho com a pesquisa interior permite conflitos de experiências pessoais, caso da dramaturgia de Roveri, enquanto Toscano apresentando a sociedade, o meio em que se vive e a cultura, espolio de um povo, faz com que dois jovens diante de tantas dores e gritos acostumem-se com a forma de vida e apesar de não entender os motivos, continuam ali, lutando por um ideal que iniciou no passado e não tem previsão de terminar num futuro a longo prazo. Essas duas formas dramáticas com questões sociais e humanas fundamentam-se na atualidade de Bortoloto que desenvolve dramaturgicamente um mundo de opostos e que essa oposição deve permanecer cada qual em seu local, e que os conflitos interiores, apesar de vivos em cada personagem, pode ser rapidamente queimado com o acender de uma letargia da realidade, pois assim são seus personagens de classe média que se apresentam como os mais humanos jovens de uma realidade que tanto preocupa governos e famílias devido ao excessivo uso de derivados que causam a elevação da realidade vivida.
Enfim, o ciclo de Leitura Dramática realizado pela Cia de Teatro do Conservatório de Tatuí oferece aos alunos, profissionais e interessados em dramaturgia uma gama de opções, linhas e formas dramáticas que na capital paulista é enriquecimento farto e de fácil acesso aos que por essa forma literária se interessam. Em Tatuí, a realidade teatral, é outra, sem fomento direcionado aos grupos do município, o que torna impossível a prática e a manutenção de grupos da cidade. O que vejo nesta ação do Setor de Artes Cênicas é um presente aos 35 anos de Teatro do Conservatório e um presente aos tímidos grupos do município, que aqui vivem e cultuam essa prática, porém não dispõem de formas para prestigiar o circuito teatral existente na Capital.
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