Conto de Natal Tatuiano une expressões |
Apresentação realizada na Pça. da Matriz foi marcada por confraternização cultural |
Poucas manifestações artísticas conseguem reunir num mesmo palco expressões culturais diversificadas. Especialmente, se essa manifestação se dá “ar livre”, muito próxima ao público e trata de um tema universal: o nascimento de Jesus Cristo.
Apresentado pelo Núcleo Experimental Cênico Falsa Modéstia, na noite de domingo, 16, o “Conto de Natal Tatuiano” conseguiu esse feito, conforme o diretor do espetáculo, Rogério Vianna.“O objetivo foi apresentado, que é a confraternização de diversas expressões culturais da cidade”, iniciou. Vianna explicou que a peça é “costurada” com elementos da cultura tatuiana. Os destaques vão para a catira, a seresta, os corais, os grupos de música e de teatro do Conservatório Dramático e Musical “Carlos de Campos” e dançarinos. Até mesmo artistas circenses participam da “confraternização cultural”. A resposta do público veio na forma de aplausos, sendo avaliada de maneira positiva pelo diretor. Vianna destacou que o espetáculo é um presente para a população, uma vez que é encenado “num momento de confraternizações”. O “Conto de Natal Tatuiano” é apresentado num período especial do ano. Além do próprio tema, que mexe com o imaginário e o sentimento dos espectadores, Vianna afirmou que a peça coincide com o momento da “renovação da fé”. Sentimentos que, durante o ano, as pessoas vão “deixando de lado”. O espetáculo contou o nascimento de Jesus Cristo e trouxe, no elenco, mais de 160 pessoas. São artistas das mais variadas expressões. “Eles lidaram facilmente com o tema natalino”, disse Vianna. Como exemplo, o diretor citou o cururu, manifestação cultural em que o “coração” é o improviso. “Se eu chego um pouco antes e digo: ‘Agora é o momento do nascimento’, eles improvisam em cima disso”, comentou. Segundo ele, a peça toda é montada de maneira quase intuitiva. “Aliás, ninguém sabe como serão as cenas sequenciais. Existe um roteiro que nós seguimos, mas a gente não sabe qual é a esquete que vai ser apresentada”, comentou. O fator surpresa é considerado um presente também para os atores, não só para o público. Vianna explicou que esta é a dinâmica do espetáculo de rua. “Nós utilizamos o mesmo formato nas outras praças”, comentou. Nos anos anteriores, “O Conto de Natal Tatuiano” era encenado em três espaços (praça Paulo Setúbal, Martinho Guedes e Matriz). Neste ano, foi encenado somente na Matriz. As interpretações aconteceram nos espaços de passeio e nas laterais do coreto, começando com a anunciação do anjo Gabriel a Maria (de que ela daria a luz um filho de Deus), prosseguindo com a perseguição de Herodes ao menino Jesus e encerrando com o nascimento do Salvador e a entrega dos presentes feita pelos três reis magos (Belchior, Baltazar e Gaspar). Maria Vasconcelos vivenciou de perto o espetáculo e os momentos do nascimento do menino Jesus. Ela participou da encenação com o coral do projeto Envelhecer com Qualidade de Vida, do Fusstat (Fundo Social de Solidariedade de Tatuí). “Isso aqui é muito bonito”, iniciou a artista veterana. Maria integra o elenco de “O Conto de Natal Tatuiano” há anos e disse que ficou extremamente feliz em poder encenar a história do nascimento do menino Jesus. Quem também disse que ficou emocionado com o resultado da peça foi o aposentado Geraldo Sabalauskas, outra voz do coral. “É uma benção que ajuda a educar cada um de nós. É algo que incentiva a gente a praticar o bem”, destacou. O poeta Odimar Martins classificou a experiência de integrar o elenco como interessante. De acordo com ele, é sempre positivo levar a poesia, o canto e as tradições da região para próximo do público. “Declamei um poema caipira, e acho que é importante valorizar isso. As pessoas não devem ter vergonha de ser caipira. Têm que ter orgulho da nossa identidade caipira”. Martins citou que a presença das manifestações culturais ajuda a valorizar o município. “É isso que nos orgulha: humildade, simplicidade. São características que a gente deve guardar e importantes em qualquer evento”, afirmou. Para o cururueiro Zacarias Camargo, a presença da trova com improviso em versos rimados em carreiras só engrandece a encenação de Natal. “É uma cultura aqui, de Tatuí mesmo. Tem que ser mostrada. Eu acho bom, o que é nosso tem que ser mostrado mesmo. Não é difícil falar do Natal por meio do cururu. A gente dá uma travadinha, mas cururu pode falar de qualquer coisa”. O ator Leonardo Carvalho, que encarnou José no espetáculo, classificou a peça como uma confraternização. De acordo com ele, o movimento dos artistas mostra para a população tudo que Tatuí tem para oferecer. “O papel é legal, mas o mais importante é conseguir juntar todos os amigos”. Além de atores veteranos, como Carvalho, “O Conto de Natal Tatuiano” teve participação de artistas não tão acostumados à dramatização, mas já familiarizados com os palcos. Caso da seresteira Maria Inês de Camargo. “Foi uma experiência totalmente diferente, maravilhosa e gratificante”, avaliou. Maria Inês disse, ainda, que sempre se surpreende com o resultado e os rumos que a peça vai tomando ao longo da encenação. Este é o quinto ano em que a seresteira participa do espetáculo. “A união de artistas diferentes torna isso maravilhoso”, afirmou. Segundo a cantora, a diferença entre a dramatização e a seresta é grande. “Mas tudo se encaixa no mesmo trabalho”. A iniciativa é, basicamente, um resgate da cultura. É como classificou Rogério Iamaguchi, ator que integra o Núcleo Experimental Cênico Falsa Modéstia. “É uma forma diferente de contar o Natal, aproximar o Natal da cultura tatuiana”. Para isso, o grupo artístico faz uso de movimentos particulares da cultura tatuiana, como o Cordão Folclórico Tatuiense, o Cordão dos Bichos. “Usamos algo tradicional e fazemos esse resgate, esse casamento com o conto”, comentou. O resultado da mistura rende ao público um espetáculo ímpar, como avalia a atriz Fernanda Xavier. Ela interpretou Maria, a mãe de Jesus Cristo, pela terceira vez. Ela disse que o centro do espetáculo não é o Salvador, mas a família. Para ela, “O Conto de Natal Tatuiano” apresenta o “que de mais belo Tatuí tem”. Juliana Guidetti da Silva, mãe do bebê Leo Guidetti de Souza (de cinco meses), acompanhou a encenação por conta do cuidado com o filho e pela beleza do espetáculo. Segundo ela, o conto “representa bem a cultura do interior”. “Por ele (o filho) estar nesse ano, foi uma emoção muito maior”, disse. Leo vivenciou Jesus Cristo e é filho de Juliana com Marcel Guidetti de Souza. A presença de várias expressões culturais no espetáculo foi fruto de pesquisas feitas pelos artistas do próprio núcleo. Ana Paula Arruda e Darlison Barros, por exemplo, aplicaram técnicas circenses, com a pirofagia (arte de dominar o fogo). “Pensamos em fazer uma coisa diferente e trazer essa linguagem, já que é um apanhado cultural”. A peça natalina começou a ser encenada em 2005, na Amart (Associação dos Artistas Plásticos de Tatuí e Região). Naquele mesmo ano, ganhou as ruas do município, escolas e teve apresentações na Igreja Matriz de Capela do Alto. |
quinta-feira, 27 de dezembro de 2012
Matéria do Jornal O Progresso de Tatuí - edição de 23 de dezembro de 2012
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