segunda-feira, 29 de agosto de 2011

ROGÉRIO DONISETE LEITE DE ALMEIDA

Rogério Donisete Leite de Almeida, tatuiano da rua Capitão Lisboa, 684, onde atualmente funciona a Antuérpia Turismo. Filho do senhor Oscar Leite de Almeida, homem da lavoura, plantador de feijão, milho, abacaxi e algodão e depois até hoje corretor de imóveis, e de dona Áurea Conceição de Almeida, uma mulher dos filhos, dos netos e de todo aquele que precisar de um colo e um abraço.
Rogério é o caçula de oito filhos numa constelação de quatro casais. Estado civil apaixonado. É um buscador, “um xereta”, instigado pelos “por quês” e “pra quês” na intenção de descobrir o “pra onde”. Esta busca converge. Espera que tudo caminhe para a plenitude espiritual. Artista iniciado na EEPSG “Chico Pereira”.
Incentivado a se desenvolver no universo artístico pela professora Cidinha Ortiz, que o estimulou a fazer gibis, buscar histórias e trazer informações, e pela professora Mirella Arena, que desvendou sua veia artística.
No então incipiente Setor de Artes Cênicas do Conservatório, orientado pelos mestres Carlos Ribeiro, Rivaldo Nogueira e pelo então “bom carrasco”, Antônio Mendes, aprendeu a ser ator e a encarar o mundo.
Em 1997 foi embora de Tatuí, levado pelo intuito de fazer carreira no mundo teatral e, graças ao professor Antônio Mendes, que parecia ser “carrasco”, formou-se o ator e o profissional com responsabilidade.
De 97 a 99 excursionou pelo Estado de São Paulo com os atores Paulo Jordão e Cláudio Martins, ambos tatuianos, e Melissa Nascimento. Apresentavam, nesta época, os espetáculos “Sertões: O Ciclo da Terra” e “Quem é Mais Bond?”, da Cia. Dramática Raízes, formada pelos quatro integrantes.
Foi uma vida aventureira, nômade, que lhe trouxe um deslumbramento pelo interior do Estado de São Paulo. Com parcos recursos, a companhia se dissolve e Rogério vai trabalhar na Incenna Escola de Teatro e Televisão. No começo, como office-boy, e, ao sair de lá, como auxiliar da coordenação pedagógica.
Neste espaço, teve contato com todo tipo de artista da televisão e do teatro.
Produziu cursos de interpretação para televisão, com Dennis Carvalho, Christiane Torloni, Monah Delacy, Antônio Fagundes, Cininha de Paula, Rogério Gomes, Fernando Leal, Paula Ribas e Herval Rossano.
Nesta mesma escola, conhece grandes nomes do teatro e por eles recebe a profissionalização como ator, aí nasce Rogério Vianna.
Foram seus mestres: Georgette Fadel, Cláudia Schapira, Kleber Vallin, Estela Lapponi, Marcelo Reis, Edson Gon, Marcelo Soler, Armando Filho, entre outros, deixando para citar por último a pessoa de Newton de Souza, um homem de Paranapiacaba apaixonado pela cultura popular. Paixão esta que encantou Rogério. Através dele, Rogério descobriu e se interessou em pesquisar a cultura popular brasileira.
Fez ainda o curso superior em tecnologia de produção e direção para rádio e TV, na faculdade Ceinter/FASP e, nesta loucura de estudo e trabalho, com mais de 17 horas diárias no ar, Rogério adoece e chega a ficar desacordado em exaustão total, sinalizando um estresse.
Com o apoio das amigas/irmãs Camila Clemente, Iara Vianna e Tininha Mello, Rogério retorna a Tatuí. Foi um momento de transbordamento total que necessitava ser esvaziado.
Em Tatuí, na casa dos pais, começou a trabalhar com corretagem de imóveis. Encaixotou seus livros de teatro para não cair em tentação... O ano corria em 2004.
Quase um ano depois, a convite de Pedro Couto, retorna ao teatro e juntamente com Eliane Tribiolli, Fernanda Xavier, Leonardo Carvalho, Talita Leme, criam o Núcleo Experimental Cênico “Falsa Modéstia”. A ideologia deste núcleo é o resgate e a valorização da cultura tatuiana.
De lá pra cá muito se fez e o relevo vai para a pesquisa da vida e obra de Paulo Setúbal e Chiquinha Rodrigues. Pretendem o resgate e a valorização de sua obra, preservando a memória de seus feitos notáveis.
A pesquisa sobre a educadora Chiquinha Rodrigues está sendo realizada por Donny Barros. Rogério é mantenedor do núcleo e todos os projetos no papel são de sua autoria e a criação artística é de todo núcleo, atualmente com dez integrantes. Em cinco anos, com muito empenho, o núcleo criou a “Série Teatral Educativa”, formada por dez espetáculos focando o meio ambiente, a higiene pessoal, transito, alimentação, etc.
Em outro projeto está sendo feita a adaptação de obras de Paulo Setúbal para a linguagem teatral.
Na Câmara Municipal transita para a aprovação a instituição de 4 de maio como o “Dia Municipal da Literatura”.
Indo para o 4º ano, “O Conto de Natal Tatuiano” é o ápice da realização sobre a valorização da cultura popular tatuiana. Este espetáculo acontece na rua e reúne o Cordão dos Bichos, o cururu com Zé Pinto, Zacarias e o violeiro Josué, a seresta com Os Seresteiros com Ternura, a poesia de Freddy Nabhan, a folia de reis de Júlio Cleto, o circo, a dança, sempre representada por uma escola da cidade e mais o trabalho do Fusstat (Fundo Social de Solidariedade de Tatuí) com o projeto “Envelhecer com Qualidade de Vida”, sob coordenação de Ivan Resende.
Alem de todos esses trabalhos, Rogério é ainda ator da Cia. de Teatro do Conservatório de Tatuí, com carteira assinada; produtor do programa Coreto Paulista, gerido pelo Conservatório; e assina o blog www.rogerioviannatatui.blogspot.com.

Rogério, que vida doida esta sua! Doida de boa. Qual o desafio do momento?
É tentar juntar todo material da história de vida de Chiquinha Rodrigues. Uma mulher como ela que cria a Bandeira Paulista de Alfabetização e é um exemplo não só nacional, mas reconhecida na América Latina sendo até representante do Brasil na Europa gera em nós uma expectativa muito grande e falta-nos tempo para organizar todo esse material.

E quem paga esta conta de pesquisa, empenho, conhecimento, generosidade?
Os amigos que contribuem com preciosas informações e o nosso trabalho paralelo. Na verdade é um trabalho movido pela paixão.

Seu coração pulsa em ritmo tatuiano. Como você sente esta cidade que te leva?
Vejo Tatuí com olhar de preocupação. Tanta gente faz por esta cidade ainda hoje, e, como temos visto, pessoas que já fizeram caíram no esquecimento. O meu medo é do hoje ser esquecido e que Tatuí tenha sempre que criar uma nova cara a cada passo sem criar raízes. O respeito tem que ser mantido para se tornar exemplo no futuro. A falta de ação gera descaso. Tatuí tem tantas personalidades que é pequena pra tanta gente.

E o gato?
Ele se Chama Sganarello. Vivo com ele há 10 anos, seu nome vem da comédia “Dell'Arte”. Amigo demais. Lindo demais, meu confidente. Sempre esteve comigo sem exigir nada em troca e sempre miou muito, se manifestando no tempo certo. Ele é agressivo, carinhoso, lindo e xereta como o dono.

E pra onde caminha a humanidade?
Espero de coração que caminhe em direção ao paraíso.
Stand up
Nos bastidores – uma vida eletrizante
No camarim – o encontro
No palco – o todo
Luzes – ação
Quero fazer – Shakespeare
Um lugar – Tatuí
Saudade – dos meus avós
O beijo – segredo

Uma Mensagem:
Vivendo você está criando uma história. Mostre-a para o mundo e sirva de exemplo.
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Oi Rogério
Acompanho com interesse o seu trabalho desde o espetáculo “Chama de Vida”, sob a direção de Antonio Mendes.
Você com seus dezesseis anos, eu lançando o primeiro texto de teatro. Ficou na memória.
Idealista, apaixonado, um homem de múltiplas artes. Sou sua fã.

Cristina Siqueira

publicada originalmente na coluna Prisma pelo Jornal O Progresso de Tatuí http://www.oprogressodetatui.com.br/28082011/cadernos/colunas/prisma.htm

domingo, 28 de agosto de 2011

Literatura + Educação = A Arte do Amor

Literatura, segundo o wikipédia, “pode ser definida como a arte de criar e recriar textos, de compor ou estudar escritos artísticos; o exercício da eloquência e da poesia; o conjunto de produções literárias de um país ou de uma época; a carreira das Letras”. Uma definição perfeita para uma arte que nós artista temos que batalhar muito para que não fique somente como lembrança do passado. Na sexta-feira tamanha surpresa, claro que não tão surpresa assim pra mim, tamanha mesmo, o descaso que os Governos desse país vem tendo para o fator Educação.
Na manhã lindíssima de sexta-feira, como de costume, antes de ir-me ao ensaio da Cia. de Teatro do Conservatório de Tatuí, tenho o hábito de folhear o jornal, e infelizmente aquela manhã acentuou a população a “desalfabetização” existente em nosso currículo escolar da atualidade.
A matéria com o título: “Avaliação mostra que metade dos alunos de 8 anos não aprende o mínimo” e subtítulo “Prova ABC, feita por 6 mil estudantes das redes pública e privada das capitais, revela que 44% lêem mal, 46% escrevem errado e 57% têm sérias dificuldades em matemática. 'Estamos produzindo crianças escolarizadas que são analfabetas', diz especialista” afirma o descaso dos Governos referente à Educação em nosso País.
Em 26 de novembro de 1933, sem sócios, sem pecúlio ou patrimônio, a Bandeira Paulista de Alfabetização criada pela tatuiana Chiquinha Rodrigues é considerada de “Utilidade Pública” pelo Governo Federal, por Decreto se tornando um movimento espontâneo e Patriótico daqueles que a Revolução de 32 despertou para a luta.
A Bandeira Paulista de Alfabetização tinha o objetivo de estimular e incentivar a propaganda, levando a toda parte o grito de seu entusiasmo e a boa vontade do magistério paulista, que naquela época na quase totalidade abraçou abnegadamente o seu programa e ação. Como acentua em seu discurso pronunciado na Câmara, em 13 de agosto de 1936 Chiquinha orgulhosamente acrescenta “A luta foi árdua, e sacrifícios sem conta foram vencidos, apenas com a dedicação e o esforço dos que, de corpo alma, se entregaram a esse titânico trabalho de evangelização”. Em suas palavras percebe-se o amor pelo ofício de Educadora.
Educador! Pessoa que ensina uma ciência, arte, técnica ou outro conhecimento. Uma das Profissões mais antigas do mundo que carinhosamente chamamos de Professor.
Atualmente, conforme matéria do Estadão “Metade das crianças brasileiras que concluíram o 3. º ano (antiga 2. ª série) do ensino fundamental em escolas públicas e privadas não aprendeu os conteúdos esperados para esse nível de ensino. Cerca de 44% dos alunos não têm os conhecimentos necessários em leitura; 46,6%, em escrita; e 57%, em matemática.” Ao ler essa matéria imediatamente me veio a figura de Chiquinha, que venho pesquisando arduamente ao lado de Donny Barros e a imagem dele dentro desse cenário se perde, em menos de 80 anos, após ser criada a Bandeira percebemos que o ofício de professor, educador perdeu suas bases aos desejos e provocações de Governos que desvalorizam esse ofício em cargos públicos, que após ingressados, dão direito ao professor e conformidade no ato de reclamar por salários melhores.
Salários Melhores? Como exigir melhores salários quando temos conhecimento de que aos 8 anos, as crianças que estão sendo alfabetizadas não entendem para que serve a pontuação ou o humor expresso em um texto; não sabem ler horas e minutos em um relógio digital ou calcular operações envolvendo intervalos de tempo; não identificam um polígono nem reconhecem centímetros como medida de comprimento.
Perdoe-me senhores professores não se ofendam com minhas palavras, vejam-na como realidade e ajudem-nos a “desalfabetizar” os filhos desta pátria mãe gentil. Espelhem-se no exemplo de Chiquinha Rodrigues, façam do ofício um orgulho futuro para os filhos que educam. Não se tornem apagador professores e se dignem e orgulhem a forma de tratamento lhes concedido PROFESSOR.
Vamos a luta, se o salário ainda é insuficiente, provemos ao nossos governos a necessidade de melhoria, mas antes apresentemos os números positivos de nossa história e não permitamos que a Arte de criar e recriar textos, de compor ou estudar escritos artísticos caiam no ostracismo desejoso de uma política sem memória, porque o desejam alguns políticos é que a memória seja curta, para que não lembremos de atos vis praticados em seus mandatos.
Se tomarmos a batalha para nosso bem, com certeza venceremos, não hoje, mas no futuro e erradicaremos o analfabetismo de nossas casas. Estudemos para que orgulhosamente possamos transferir nosso conhecimento aos filhos que no futuro olharão com carinho e afeto a seu bem maior e que jamais se esquecerá daquele que dedicadamente deixou de lado um pouco de sua vida para dedicar-se a vida de outros.

E ao final somente acrescento... “E assim viverão felizes para sempre!”

sábado, 27 de agosto de 2011

Carta para um Homofóbico


O que acontece a alguém quando esse alguém ama alguém como a si mesmo.
O amor!
O amor reflete a luz que ilumina vidas.
Sentimento tão nobre que se subdivide em paterno, fraterno, afetivo...
Em tempos de guerra, o amor pode acontecer.
Em tempos de paz o amor acontece.
Naquele tempo, escreveu Samuel à humanidade: havia um harpista de nome  Davi, rapaz simples que cuidava do rebanho de sua família. Pastor abençoado pelo amor divino tinha em seus olhos uma luz que refletia aos olhos de todo aquele que o conhecesse. Esse olhar abençoado transmitia uma grande segurança e tinha um poder visionário, espantando até mesmo o espírito mal que atormentava o Rei Saul.  Valente e esperto venceu o maior inimigo do Rei, Golias, o gigante da cidade de Gate, se tornando amigo de todo o povo de Israel. Foi mais ou menos assim que Davi, homem sábio se tornou aliado do Rei.
Ainda naqueles tempos, Jônatas, filho do Rei Saul, que enciumado por Davi ter sido escolhido por Deus para ser Rei, do Reino que seria seu, olhou com ódio ou inveja para Davi, mas o tiro saiu pela culatra, quando Jônatas encontrou-se frente a frente com aliado de seu pai, a alma de Jônatas apegou-se imediatamente a alma de Davi e eis que foi assim que Jônatas começou a amá-lo como a si mesmo.
Jônatas diante de um juramento de amizade despiu-se de sua nobreza firmando o ilustre sentimento que nutria pelo outro alguém semelhante a ti. E o sentimento era recíproco, pois tempos depois lamentando a morte de Jônatas, Davi em seu canto fúnebre dispara: “Tenho o coração apertado por tua causa, meu irmão Jônatas. Tu me eras imensamente querido. Teu amor me era mais precioso que o amor das mulheres”
Nos tempos de agora, sublinho, nesta carta, o AMOR descrito no Livro dos livros, puro de toda maldade, de qualquer preconceito, e, acentuo que diante da profunda amizade de Jônatas e Davi esse texto, tanto o qual em tempos atuais redijo, como a escrito por Samuel naqueles tempos, pode ser interpretado de várias formas, mas o AMOR deles, Jônatas e Davi, é somente um e cada um pode subdividi-lo da forma que lhe for conveniente, mas é, por meio do AMOR e da amizade deles que podemos, isso mesmo, caro leitor desvendar se Deus é preconceituoso como muitos homofóbicos que a cada dois dias tira a vida de alguém que ama alguém como a si mesmo. 
Caríssimos irmãos, nos tempos de agora em que ao Supremo Tribunal Federal reconhece a União Estável Homoafetiva, temos, antes de realizarmos uma grande comemoração, ou uma “parada”... Temos que parar! Parar, para que  possa o homem se conscientizar e se educar no direito de respeitar seus iguais, mesmo que seus iguais tenham afeto por alguém como a si mesmo. Já naqueles tempos, o aconselhado livro do eclesiastes acentua: “O que foi, é o que há de ser; e o que se fez isso se fará; de modo que nada há de novo debaixo do sol. Há alguma coisa que se possa dizer: Vê, isto é novo? Já foi nos séculos passados que foram antes de nós. Já não há lembranças das coisas que precederam, e das coisas que hão de ser também delas não há lembranças, entre os que hão de vir depois”
Em tempos de paz o amor acontece.
Em tempos de guerra, o amor pode acontecer.
Sentimento tão nobre que se subdivide em paterno, fraterno, afetivo...
O amor reflete a luz que ilumina vidas.
O amor!
Aos injustiçados por saber amar.
 

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

22 de agosto - DIA DO FOLCLORE


É com grande alegria, apesar do atraso, pois o dia do Folclore foi dia 22 de agosto, segunda-feira, que tenho a honra escrever um pouco do Folclore de nossa cidade Ternura e segundo a UNESCO Folclore é sinônimo de Cultura Popular.
Para esse homenagear o Folclore é importante acentuar as tradições de nossa terra e para falar de nossa história temos que saber o porque é importante cultuá-la, preservá-la e difundi-la.
Quando falamos de nossa história estamos  valorizando nosso bem maior, ou seja, o que foi construído lá nos tempos idos e que motivam nosso agora, é uma reação em cadeia e acentua a formação de uma povo e sua história. Para essa sequencia de ações que promovem reações nos denominamos Cultura Popular.
A cultura popular pode nascer da ação de um indívíduo, um grupo e resultar numa interação contínua entre as pessoas. A cultura popular nasce da adaptação ao homem com o meio ambinete em que vive e abrange inúmeras areas de conhecimento: crenças, artes, moral, linguagem, idéias, hábitos, tradições, usos e costumes, artesanatos, folclore, ou seja, a cultura popular é tudo o que provém de um povo e por gerações aquela manifestação ou ação é desenvolvida.
Tatuí é um centro fabuloso de cultura popular, para termos uma mínima idéia de uma manifestação cultural de nossa cidade Ternura, caro ouvinte, é falar do Cordão Folclórico Tatuiense que popularmente conhecemos como Cordão dos Bichos.
O Cordão dos Bichos é o retrato vivo de uma ação cultural que virou tradição de nossa terra. O Cordão dos Bichos foi idealizada por Vicente de Almeida e Aladim Ponce, em meados de 1928, que com a colaboração de funcionários da fábrica São Martinho, desenvolveram três bichos: um elefante e dois cavalos, usando a técnica da papietagem, uma técnica do artesanato que consiste na utilização de materiais recicláveis e de simples aquisição como arame, bambu, jornal, papel e cola.
Essa ação de Vicente e Aladim rendeu uma manifestação, pois naquela época o público que apreciava o carnaval tatuiense aprovou a idéia, iniciando assim a produção de outros animais, e o crescimento inevitável do cordão que chegou a ter 76 componentes.
Até os dias de hoje, nosso Carnaval e qualquer desfile cívico, precisa, para ser completo, da presença do Cordão dos bichos.
É assim que se forma a Cultura Popular de um município, região, estado ou país, nesse dia do Folclore venho humildemente aplaudir essa ação que até os dias de hoje faz parte da Cultura de Tatuí. 

Como disse um dia nossa grande dama do Teatro Brasileiro Fernanda Montenegro “Investir em cultura não é caridade: é uma parceria que ajuda a projetar o Brasil internacionalmente” 


Rogério Vianna, Momento de Cultura para enriquecer um pouco mais daquilo que nos enriquece todo dia. 

Fotos arquivo Cordão dos Bichos.  A última fazendo parte do espetáculo Teatral O CONTO DE NATAL TATUIANO do Núcleo Falsa Modéstia

sexta-feira, 19 de agosto de 2011

19 de agosto - Dia do Artista de Teatro


Eu, Rogério Donisete Leite de Almeida, artista de teatro popularmente conhecido como Rogério Vianna, na data de hoje parabenizo meus amigos e colegas de trabalho.
Honrosamente, tenho por ofício a profissão que escolhi para traçar minha vida, e pela qual desde 1992 a exerço diariamente.
O dia do Artista de Teatro é uma data não muito conhecida, mas importante, pois a cada dia, mais e mais pessoas se dedicam a essa arte.
E que é o artista de teatro?
O artista de teatro é aquele que cria, que dirige, que escreve o roteiro, que monta a iluminação, que pensa na trilha sonora, na cenografia, na contra-regragem,  enfim, são todos que fazem o espetáculo acontecer.
Hoje é dia de dar parabéns a você que fomenta o teatro, mas principalmente àqueles que fazem o teatro mais vivo a cada dia!

terça-feira, 16 de agosto de 2011

Rogério Toscano é o segundo autor do Ciclo de Leitura

A Cia de Teatro do Conservatório de Tatuí iniciou em junho, o CICLO DE LEITURAS, projeto que vem sendo desenvolvido pela Cia de Teatro do Conservatório de Tatuí e que visa, além da leitura, trazer para o Setor de Artes Cênicas do Conservatório o dramaturgo para um bate papo com o público: alunos, professores e interessados pela Arte Dramática.
Para a abertura do ciclo de leitura o dramaturgo convidado foi Sérgio Roveri e para essa segunda leitura que acontece sábado, dia 20 de agosto, quem nos dará o prazer de sua presença será o dramaturgo e professor de Teatro ROGÉRIO TOSCANO.

A OBRA
OS MENINOS E AS PEDRAS retrata o conflito entre palestinos e israelenses. Fátima  (Camila Vieira) é de origem árabe e  Yonatham (Gabriel Tonin) menino judeu, os dois dividem a cena numa história que podia ser de dois irmãos, porém a guerra faz com que muitos sejam sacrificados e esse sacrifício, escrito por Toscano, mostra a beleza da inocência entre duas pessoas que opositoras podem, sem saber se conseguem, se tornar amigos. Ainda da Leitura participam o Pacificador (Rogério Vianna) e (Marcos Careisa) leitor das Rubricas.

Rogério Toscano - Foto Arquivo SP Escola de Teatro
O DRAMATURGO
Antônio Rogério Toscano nasceu na cidade de Macaubal (SP). Sua formação teatral aconteceu em Campinas, na Unicamp, onde também iniciou sua trajetória como dramaturgo.
Em São Paulo, desenvolve, além do trabalho com dramaturgias em processos colaborativos e em escrituras cênicas autônomas, processos como diretor teatral e como professor de História e Teorias do Teatro.
Ministra aulas na Escola Livre de Teatro de Santo André, na Escola de Arte Dramática (EAD/USP) e no curso de Comunicação e Artes do Corpo (PUC/SP)

Elenco da Cia de Teatro
Adriana Afonso
Carlos Doles
Carlos Ribeiro
Daniele Silva
Dalila Ribeiro
Fernanda Mendes
Hugo Muneratto
Marcos Caresia
Rogério Vianna
Bolsistas que compõem a Cia
Antônio Ramos
Camila Vieira
Gabriel Tonin
Nathalie Ferreira Abreu
Willian Priante
 
 
Serviço
Ciclo de Leitura
Dia 20 de agosto às 19h
Setor de Artes Cênicas
Rua Cel. Aureliano de Camargo, 550 - 1º andar
F: (15) 3259-1844 

E o próximo dramaturgo convidado que estára fazendo parte do Ciclo de Leituras é Mario Bortoloto já no dia 13 de setembro, Programe-se!!!
 
 
 

domingo, 14 de agosto de 2011

Porque pra ser Pai é preciso ter história

O Patriarca
 Hoje é o dia dos Pais e para o dia de hoje voltarei no tempo, precisamente no ano de 1938, ano em que a Voz do Brasil foi criado, nesse ano, exatamente, no dia 22 de dezembro. Nesse dia, ás 7 horas, é que Tatuí ouve a voz do nascer do filho do meio do empregado rural Clementino Leite de Almeida conhecido como Tico Leite e Clementina Pires de Almeida, a Dona Menta. Nascera na pacata cidadezinha do interior Oscar Leite de Almeida neto do lado paterno de Antônio Alexandre Leite e Ana Maria da Conceição e do lado materno de Olegário Pires de Camargo e Balbina Teles.

Oscar, que mais tarde se transformará num pai de oito filhos, foi criado no Bairro Caguassú, mas aos 08 anos de idade, depois que seu Tico Leite e Dona Menta a muito custo conseguiram encher um colchão com os cruzeiros, que naquele período depois que o Brasil começou a se recuperar e que Getúlio Vargas criava medidas de estímulo a indústria brasileira conseguem comprar das mãos de Vicente Berangel a casa que foi de propriedade da família por 54 anos.

A modesta casa de 5 de frente por 30 da frente aos fundos situada na Rua Capitão Lisboa, nº 684 cor amarela e 01 janela de frente de madeira, que dava em cima da calçada, ali naquela rua ainda de terra e sem pedregulho brincava de bolinha de vidro e fazendo as burcas, naquela rua, onde hoje o asfalto encobriu o passado.

Tatuí, em período de chuva era um grande atoleiro, o Morro Grande era somente para trafego de cavaleiro e se não chovesse dava pra caminhar a Pé. Quem ia para São Paulo utilizava a estrada que leva ao Bairro Americana de Tatuí e seguir pela Rodovia Raposo Tavares, a Rodovia Castelo Branco nem na imaginação existia.

Foi nesta Tatuí, da lavoura de melancias e abacaxis que nasceu e vive até os dias de agora, o homem que ao ouvir Cascatinha e Inhana se emociana, lembrando dos parques e circos que eram instalados onde atualmente está situada a Praça do Junqueira.

Aos 12 anos de idade o seu Tico Leite já mostrava aos seus filhos o valor do trabalho e para isso deu a Oscar e ao filho mais velho José Celso Leite, hoje presidente do Sindicato Rural dos Trabalhadores, que o trabalho edifica o homem e para essa edificação sólida ele, o homem que fez da terra brotar os frutos de sustento da família assim fez com o menino Oscar, de um alqueire de terra que cultivava o fruto do abacaxi, mais para que o fruto pudesse ser servido o abacaxizeiro, que é planta semiperene, de quase metro de altura. Primeiro produz um único fruto, situado no ápice; depois, com a ramificação lateral do talo, aparecem outros frutos, de modo que a fase produtiva pode prolongar-se por vários anos. E foi por esse fruto doce, as vezes azedo, ou até mesmo, ácido que o sustento da Família de Clementino era extraído e para educar os filhos, naquele momento ainda 02, Zé Celso e Oscar, mais que a vida não lhe deixara vingar as 03 mulheres que morreram, trazendo sofrimento e dor a dona Menta,  mulher que no futuro iria ajudar os filhos a educarem suas descendências.

O Senhor Tico Leite, sorocabano, mas tatuiano de coração, que de forma rude e de mão firmes educou seus meninos, porque as meninas, não teve ele a felicidade de cultivar, pois a vida lhe tirara o ar das meninas que geradas por dona Menta, não conheceriam o futuro, esse homem, mesmo severo na educação dos filhos e posteriormente dos netos pode plantar o ensino de que na vida nada deve chegar gratuitamente e que cada objeto desejado deve ser adquirido com o suor de nossos esforços, e assim, fora a educação dada aos seus filhos que naquele período sendo apenas dois filhos: Zé Leite e Oscar. A prova mais exata dessa atitude é que ele, com um alqueire de terra, ou seja, 2,42 hectares de terra vermelha ensinara a família como extrair de sua terra o fruto de seu trabalho, e assim o fez, dividiu o alqueire de terra  em quatro partes. Dividira a alqueire de terra da seguinte forma. Dois quartos do alqueire para sustento de sua família, e os outros dois quartos da terra dividido para os filhos Oscar e Zé Leite, onde cada um tinha direito a um quarto da terra.

A fruta tropical tinha grande força na pacata Tatuí devido a temperatura adequada. Nesse alqueire de terra o abacaxizal rendia uma produção de 21.000 pés de abacaxis por lavoura, abacaxi esse que no Hino a Tatuí é referencia da Cidade ternura, pois nesse abacaxizal de seu Tico Leite quando colhido era posto num velho caminhão e levado ao porto de Santos e de lá ganhava o mundo. Assim que as colheitas de Tatuí são lembradas diante das cores da bandeira do Brasil.

Porém o destino reservava uma surpresa para esse agricultor de abacaxis que mora na rua que leva o nome do primeiro professor de sua cidade. A surpresa lhe reservou a música de Cascatinha e Inhana: “Índia” e “Cafezal em Flor” entre outras da dupla formada por um Araraquarense e uma Ararense, que se ouvia durante os passeios pelos parques que naquela época eram mais constantes na cidade que hoje em dia. Foi por meio da trilha sonora da dupla sertaneja que ele se enamorou pela mulher de família tradicional da cidade, cuja mulher tinha 08 irmãos e 01 irmã.

Camento de Oscar Leite e Áurea Thomaz

Foi na Praça da Matriz, com seus postes de ferro e luninárias de 03 globos de luz espalhados, foi ali, nesta mesma praça, onde havia o Teatro São Martinho, teatro que, numa tarde fora assistir um filme e se assustara com a imagem do leão, leão que vindo em sua direção, deu-lhe medo e desespero fazendo-o, num único pé, deixar a sala de exibição sem ver a primeira cena do filme, por medo do leão, leão que abria o filme e que de repente pudesse sair do écran e saltar em cima dele que hoje, porque assim descreve o homem agricultor de abacaxis e foi nessa praça, na Matriz que viu pela primeira vez a doce senhorita da família Thomaz, a mais nova dos onze filhos. Que mais tarde num parque de diversão instalado no bairro Junqueira será pedida em casamento para formar a família que ainda agora é unida na fé e no amor.

Naquela praça que era divida da seguinte forma: a parte central a da elite, a do meio da classe média e a terceira mais perto do meio fio, beirando a calçada o pessoal da bagunça é que se inicia a segunda parte da trajetória de vida deste Oscar Leite de Almeida, um homem sério de coração poético que lá no tempo de namoro escreve um cartão a mulher que desejara para ser sua futura esposa “ Eu amo a letra A, por ela suspiro e choro, com essa letra se escreve o nome que mais adoro” e ainda conclui “Lá vai a garça voando, no bico leva uma flor, no correr do Ano Novo serei sempre o teu amor” esse cartão de agradecimento e retribuição escrito ao final de 1956 contemplando o ano de 57, é que expressa o desejo que em 08 de fevereiro de 1958 se torna na união de duas almas em uma família cuja a tendência é o crescimento e a evolução do bem maior solicitado por Deus escrita nos livros do livros.

Foi no ano em que Angelo Giuseppe Roncalli é eleito Papa João XXIII que se firma o casamento de Oscar Leite de Almeida e Áurea Thomaz, ela se tornando Áurea Conceição de Almeida. Na Igreja Matriz de Nossa Senhora da Conceição.

Casou-se com a mulher que sonhara para ser a mãe de seus filhos, a mulher do parque de diversão e que lhe dará filhos que somaram oito, até hoje habitantes de Tatuí. Esse homem que se tornara hoje no pai que todo filho estimaria em ter, tenho o prazer de descreve-lo aqui como um homem honesto, a frente de seu tempo e somente o tempo dirá porque assim o descrevo, porque ele é parte de um bem maior criado por Deus.

Esse Oscar Leite de Almeida que depois de contraído núpcias morou na Enxovia de Cima, pero da fazenda do Paiol, que nascera José Francisco Leite de Almeida, Paulo Galvão Leite de Almeida e Lúcia Aparecida Leite de Almeida, nasceram entre cultivos de milho, feijão e arroz.

Mas a vida é cheia de graça e no meio dessas graças que, muitas vezes demoramos entender, mas que Deus prepara para uma vitória futura, mudou para a Enxovia do Meio e depois para o Bairro de Pederneiras local esse onde o agricultor de abacaxis se dedicara ao cultico de milho, mas milho para semente e que vendia para a Cooperado Híbrido campus Campinas a semente de número 6999, nesse enriquecimento é que gera a quarta filha Maria Bernadete Leite de Almeida.

Porém a vida lhe oferecera nova mudança, agora para a Enxovia de Baixo, porque na minha Tatuí o bairro de Enxovia é, ainda agora divido em três locais, dentro da mesma região e esse, o bairro de que descrevo agora é mais perto da Rodovia por isso chamasse Enxovia de Baixo, e foi nesse bairro que o casal Leite de Almeida gera o quinto filho Waldir Aparecido Leite de Almeida.

E como a vida é cheia de idas e vindas de repente o destino lhe enviara de novo ao bairro Pederneiras onde nascera a Maria de Lourdes Leite de Almeida, a sexta filha do casal. Mas pouco menos de um ano, em muito pouco tempo, é gerada Maria Heloisa Leite de Almeida, essa já no Bairro Moinho Velho onde a lavoura deixa de ser de abacaxis e grãos e volta-se ao cultivo de Algodão.

O Algodão é uma fibra branca ou esbranquiçada obtida dos frutos de algumas espécies do gênero Gossypium, família Malvaceae. Essa lavoura que rendia com fartura na terra de cor vermelha, para alguns, de cor roxa, terra farta ainda agora existente no bairro Moinho Velho de Tatuí, mas que, mesmo naquela época, seria imprópria para as terras do bairro dos Palanques em Itapetininga cuja terra tinha cor branca. Sem saber disso, pela primeira vez na história de sua vida, Oscar Leite de Almeida, sua esposa Áurea e seus sete filhos vendem toda a propriedade do Bairro Moinho Velho e com a ambição de aumentar seus alqueires de terra troca a terra vermelha pela terra branca, começa aí uma nova fase da vida dessa família que agora com oito filhos, porque está prestes a nascer o caçula da família Rogério Donisete Leite de Almeida, esse que nascera na Rua Capitão Lisboa, porque diante da dificuldade financeira que a família passava diante do passo mal dado, da troca sem sucesso da terra vermelha para a terra branca que faliu o plantio de algodão e a família de Oscar, todos, sem exceção de um foram morar na casa de Seu Tico Leite e Dona Menta, na pequena casa amarela de uma janela de madeira em frente a calçada que passava pela rua Capitão Lisboa.

Foi na rua que leva o nome do primeiro professor do Município que inicia a nova fase do homem Oscar, corretor de imóveis, marido de Áurea e pai de 8 filhos que um dia de 1966, depois da venda do Banco Sul América para o banco Itaú presenteou a inauguração do banco de Olívio Egydio Souza Aranha Setúbal com um churrasco, churrasco esse realizado na fazenda Moreninha, atualmente Fazenda Kroma (estrada que liga Tatuí a Capela do Alto) e que teve como Churrasqueiro Pérsio Itatiba.

Assim é parte da história do Homem que se tornou pai de 08 filhos e de estar casado por mais de 53 anos com a mulher do Parque de Diversão, e é, para esse pai de agora é que canto a Felicidade de Cascatinha e Inhana:






A felicidade, meu amigo, é Deus quem dá
Por isso é em vão a gente procurar.
Eu vivo procurando a tal felicidade
Já perdi a mocidade
E não consigo encontrar.
Se bato numa porta: "Ela morou aqui"
"Mas ontem de manhã, saiu pra viajar"
E neste vai e vem, estou perdendo o tempo
E a tal felicidade
Não consigo encontrar.



Oscar e Áurea com os 8 filhos
Ao meu pai Oscar Leite de Almeida que sirva de exemplo aos pais de hoje e de amanhã, porque ser pai e mais que gerar um filho e fazer com que esse filho tenha orgulho de ter um pai.







Oscar e Áurea com os netos

sábado, 13 de agosto de 2011

Chico Pereira - um 'Abre Portas' para o futuro


Foto de Harrell, Tomas W M – Academia Paulista Letras

O homem de que vou falar hoje nasceu em 27 de dezembro de 1857, foi professor, escrivão da coletoria e escrivão de vara e também tanoeiro. Inesquecível nas ações de caridade foi um dos fundadores da Sociedade São Vicente de Paulo. Um Evangelista de bondade inata faleceu no Asilo aos 12 de agosto de 1944 e em homenagem a esse senhor de coração puro no dia 12 de agosto de 2007 que um busto foi fixado diante do Lar que abriu-portas para os desamparados acentuando ainda mais a importância desse Francisco Evangelista Pereira de Almeida.
 O dia 12 de agosto é um dia muito especial para minha Tatuí, é um dia em que voltamos os olhos as ações caridosas de um "homem simples, um apagado professor de escola primária" foi o primeiro professor de Paulo Setúbal, grande ícone na literatura dos anos 20, também nascido em Tatuí, mas hoje, vou deixar um pouco de Paulo Setúbal de lado, apesar de todo texto abaixo ter citações de seu livro "CONFITEOR", mas hoje, dia de santo Euplúsio, vou falar aqui de um homem caridoso temente a Deus chamado popularmente de Chico Pereira.

Foto de Harrell, Tomas W M – Academia Paulista Letras
 Prestem muita atenção, meus amigos, na figura desse homem, desse caridoso senhor que morava na Rua General Carneiro de minha Terra, depois Rua do Comércio, hoje, atual Rua XI de Agosto, em minha terra acontecia nos tempos idos mudanças de nomes de ruas e praças era quase que uma tradição alterar os nomes, inclusive a Rua Francisco Pereira de Almeida, pouca gente sabe onde fica, e é a rua que faz frente ao Lar São Vicente de Paulo, quem o batizou lá, conhecia com certeza o esforço humanitário dedicado pelo homem de condição econômica modesta, mas, que se tornou o homem mais rico de minha terra.

Seu Chico Pereira, como dizia, morava nessa rua, numa casinhola baixa, pintada de azul, com uma porta e duas janelas, modestíssimas. Foi nesta casa, hoje demolida pela memória do tempo, porque os homens ainda não entenderam que para sermos o que somos hoje, no passado outros homens lutaram para que o futuro de agora acontecesse e devido a essa plena falta de entendimento, é que, um fato histórico, ou mesmo, um prédio que serviu como casa de solidariedade, acaba sendo esquecida, demolida, apagada. Mas esse, Seu Chico Pereira, não se apegava tanto a isso, o material era de uso do momento, o que tornava ele diferente e que foi inesquecível para Paulo Setúbal, foram suas ações de caridade, ações que brotava da alma e gerava, naquele que o via, ou até agora, neste momento, naquele que ouve a história deste Evangelista, de nome e atitudes, o amor dedicado ao próximo, dedicado a um maltrapilho, a um pobre, a um esquecido, porque não sabemos se esse pobre, esquecido, maltrapilho, não será um de nós no futuro, que poderá olhar nos olhos de um Evangelista, seguidor do apagado professor de escola primária que nos irá estender as mãos.
Baú de Seo Chico Pereira - Acervo Museu Paulo Setúbal
Exemplo de Cristão, como está acentuado na primeira estrofe do Hino de Tatuí, Seu Chico Pereira era um evangelista e em sua casa todas as manhãs, às 10 horas era servido o almoço, e naquela mesa de peroba, onde comiam Chico e mais três irmãs todos os dias, sem faltar um entravam uns homens maltrapilhos, pé-no-chão, que viviam pela cidade ao Deus-dará, mesma situação acontecia as 4 horas de todas as tardes, à hora do jantar outros homens, igualmente maltrapilhos, igualmente pé-no-chão, entravam silenciosos por aquela casinhola adentro. Iam até a cozinha e lá, naquela na mesa de peroba, enegrecida e nua, onde se enfileiravam toscos pratos de folha, Seu Chico dava de comer aos pobres. 

A pureza do Evangelista, daquele que se anulava para educar os inocentes, que incentivou Dona Mariquinha, mãe de Paulo Setúbal, a levá-lo para São Paulo, acentuando que Tatuí, naquela época, como ainda não o é, mas que esforçadamente se tornará no futuro, não era, também, naquela época uma cidade propícia para as atividades intelectuais de Setúbal. O professor que não utiliza de nenhum método especial de ensino, sendo apenas um correto e eficiente professor primário era solteiro como suas irmãs, desconhecemos o futuro genealógico do casto, de alma nobre, mas que muito ensinou em ações de fé e caridade. 
Monumento em Memória de Seo Chico Pereira - frente ao Asilo
“Muito pouca gente de minha Terra sabe disso...”, já afirmava Paulo Setúbal em Confiteor, e eu peço permissão para lhe emprestar dele a frase que por ele foi escrita, acrescentando: - Ainda agora, neste instante, muito pouca gente de minha terra desconhece a importância do homem Chico Pereira, um dos fundadores do lar São Vicente de Paulo.
Falar de Seo Chico é perfilar pelas indicações já apresentadas por Setúbal, que o conhecendo ainda na infância foi relembrar do caridoso homem de bondade inigualável quando o ar já lhe dificultava a respiração e assim descreve o homem rico que tanto emociona os leitores de Confiteor: “era regular e harmonioso. Sóbrio, com seu andar pausado e lento. As palavras caiam-lhe da boca medidas e pesadas”. Tanto carinho dedicado ao professor que o descreve como um exemplar vivo, marcante que se tornou exemplo de homem para Setúbal que perdera seu pai quando ainda tinha 04 anos de idade. E ainda acentua: “Um homem de fé e temente a Deus, freqüentava a Igreja todos os domingos e todo o domingo comungava, além de não ter malquerença política. Assim foi o sereno e incontagiável professor de primeiras letras.”
E até agora, se ainda é necessário esclarecer o porquê intitulei esse artigo como Chico Pereira - um "Abre-Portas" para o futuro, vou ser breve: Um homem que abre as portas de sua casa todas as manhas e todas as tardes para servir almoço e jantar, que abre as portas para que Dona Mariquinha levou Paulo Setúbal estudar em São Paulo, que abre as portas para o Asilo que ainda agora, como disse está situado na rua que leva o nome do professor, e, ainda mais, é o nome da Escola Estadual que fica na Rua Santo Antônio de Tatuí, onde anos mais tarde fui educado, e que até agora, mesmo depois de quase 70 anos completos de seu falecimento, ele, o primeiro professor de Paulo Setúbal realiza o 'abre-portas' para os que precisam caminhar para o futuro. 
Bem, Seu Chico é um livro de inesgotáveis adjetivos que possam qualificar um homem temente a Deus, um homem que as tardes quando passava pelas ruas da Cidade Ternura, “com sua puída roupa escura a bengala na mão, todos da cidade se descobriam com respeito e lá ia o homem ao Asilo São Vicente de Paulo visitar seus amigos, amigos e irmãos. Ele, essa boa alma, planejara a obra, lançara a idéia, arrecadara as primeiras dádivas, fizera lançar a pedra inicial. Custara-lhe muito, com as migalhas que lhe arremessavam a  sacola, botar a obra de pé. Mas assim o fez! E o Asilo enfim “abriu as Portas” para receber um grande número de pessoas idosas que o buscavam.” – assim, com essas palavras Setúbal imortalizou o caridoso homem tatuiano que acrescentou ainda: - “E agora Abertas as portas do Asilo todas as tardes, todas, sem faltar uma, lá ia o São Vicente de Paulo de minha terra visitar os amigos. E os amigos ao soar cinco horas já sabiam, já aguardavam, já esperavam pelo alimento que o Evangelista vinha oferecer. Assim seu Chico Pereira chegava no Asilo, dependurava o chapéu, encostava a bengala num canto e a beira da cama de Anastácio, um dos muitos amigos que lá viviam e logo que sentava-se muitos cabeças brancas se aproximavam e cercavam o professor humilde, abria o livro velho que trazia na mão. Era um livro amarfanhado, com as folhas amarelecidas, velho, velho, que aquele doce homem lia todos os dias, absolutamente todos, há já 50 anos. E com sua voz grave destacando acentuadamente as palavras e assim os velhos do Asilo ouviam atentos e curiosos as palavras, as boas novas que o Evangelista lhes ofereciam. Era para aqueles pobres a redenção, a esperança para o futuro, ou até mesmo o conforto daqueles que da vida nada mais podem esperar.”
Seo Chico Pereira - feito por Cláudio Camargo
E foi assim que Seo Chico foi se tornando, silenciosamente, sem o saber o homem mais rico de minha terra. Foi assim que Paulo Setúbal o descreveu no capítulo VI de suas confissões a figura de seu Chico Pereira, ele, esse homem, que se tornou no futuro de agora, um exemplo para muitos tatuianos, ele que repousa ao final da Rua do Cruzeiro, frente para a avenida João Clímaco de minha Capital da Música, num túmulo simples a direita de quem da entrada principal possa caminhar, num jazigo de cor verde de nº 3109, quase que imperceptível os jazigos luxuosos dos homens ricos de minha terra...
E imortalizado na vida de Paulo Setúbal, um dos trechos mais lindos de “Confiteor” que tem muitos trechos lindos, o escritor descreve nosso caridoso “Antes de ir-me de vez de Tatuí que não tornarei a ver tão cedo, preciso falar de um homem rico que lá vive. De um homem rico, rico. Porque amigo, não sei se você sabe, na minha terra há bastantes homens ricos. Mas esse é o homem mais rico de minha terra. Dá minha terra só não. Pelas cidades em que andei, por países vários em que vivi, eu conheci mais tarde outros homens ricos, outros e muitos que eram mais ricos do que os homens mais ricos de minha terra. Pois esse, o de que falo aqui, é ainda mais rico do que todos os  homens ricos que eu conhecia. Pouca gente, na minha terra, sabe disso. Muito pouca gente. Como sabe-lo? Ele é um simples, um humilde, um apagado professor de escola primária. Foi o meu primeiro professor. Chamasse: Seo Chico Pereira. Seu Chico morava na mesma rua em que eu morava... Seo Chico Pereira tinha 3 irmãs que como ele eram solteiras, quando elas faleceram ele, vendeu a casa que viveu por muitos anos. Vendeu sua casa e entregou aos pobres tudo o que tinha, assim chegou no Lar São Vicente de Paulo, leu o seu velho livro e como de costume, as sete horas, o sino tocou, mas nesse dia... nesse dia Seo Chico Pereira, não tomou do Chapéu e nem da bengala, apenas acrescentou: Vamos dormir meus irmãos. Porque de hoje em diante, vou morar no asilo com vocês”  - e naquele 18 de abril de 1932, com clima outonal, seu Chico adentrou as portas do Asilo, do Lar São Vicente de Paulo.
Jazigo de Chico Pereira - Cemitério Cristo Rei de Tatuí
Encerrando o capítulo VI, Paulo Setúbal acentua uma conversa de Jesus com seu querido e estimado professor, explicitando na ficção, pois quando escrevera Confiteor Seu Chico ainda mantinha o costume rotineiro de ler seu velho livro aos amigos e irmãos, habito que no dia 12 de agosto, sábado de inverno às 13 horas, do ano de 1944, depois de ser realizado o 2º semana dedicada ao escritor que tanto amou o primeiro professor, falece Francisco Evangelista Pereira de Almeida, o seu Chico Pereira, naquele momento o professor aposentado, o venerado mestre-escola se encontra com Jesus e num ato de caridade, ainda professor, sempre caridoso com certeza depois de tanto “Abrir-Portas” foi recebido no céu por Jesus, e, mais certeza ainda tenho que foi recebido por Jesus conforme Setúbal previu: “Santo Chico, o reino de meu pai tem muitas moradas. Esta a que fica rente do trono eu a construí e enfeitei para você. E isso, meu filho, porque tive fome e me deu de comer, porque tive sede e você me deu de beber, porque andei sem abrigo e você me recolheu, porque estive nu e você me vestiu, porque caí enfermo e você me visitou.... Em verdade, Chico, em verdade eu digo: Todas as vezes que você fez estas coisas a um destes meus irmão pequeninos, a mim o fez. Viva, pois, de hoje em diante e para a eternidade, na casa que eu construí e preparei para você.”

“Na caridade Chico Pereira foi exemplo de Cristão” - Hino de Tatuí

Dedicado a Memória de todas as almas caridosas e esquecidas de minha Tatuí.

EEPSG Chico Pereira - Rua Santo Antônio em Tatuí

Jazigo de Chico Pereira - Cemitério Cristo Rei de Tatuí

Jazigo de Chico Pereira - Cemitério Cristo Rei de Tatuí


Bibliografia
Mota, Lourenço Dantas – PAULO SETÚBAL – Academia Paulista de Letras - São Paulo – Junho de 1983
Setúbal, Paulo – CONFITEOR – Editora Nacional – 13ª edição – 1993.
Teixeira, Messias Gonçalves – PAULO SETÚBAL – Campinas 1987.
Harrell, Tomas William Mendonza – Reprodução fotográfica
Barros, Donny – Arquivo

Agradecimentos:
Museu Paulo Setúbal
Lar São Vicente de Paulo
Cemitério Cristo Rei

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Fotos do espetáculo Paulo Setúbal. Re-Verso e Agradecimento a todos









































O Núcleo Experimental Cênico "Falsa Modéstia" realizou na 69ª Semana Paulo Setúbal 08 apresentações do espetáculo "Paulo Setúbal. Re-Verso" no Museu Paulo Setúbal.
Na sala com capacidade para 44 pessoas o Núcleo foi assistido por aproximadamente 350 pessoas. 
Foi um trabalho gratificante e estendo nossos mais sinceros agradecimentos para: 
- DAPE (Divisão de Aperfeiçoamento e Pesquisas Educacionais) na pessoa da supervisora Maria Amélia Dalmatti Lima que se empenhou ao máximo para levar coordenadores e diretores da Rede Municipal de Ensino, claro que nossos agradecimentos se estendem a Secretária de Educação Marisa Fuiza Kodaira que possibilitou essa ação.
- LAR SÃO VICENTE DE PAULO que numa sessão inesquecível e emocionante prestigiaram o espetáculo;
- SECRETARIA DE EDUCAÇÃO DE QUADRA na pessoa da secretária Iolanda A Rodrigues Campos que possibilitou aos alunos do EJA (Escola para Jovens e Adultos) assistirem ao espetáculo além de uma visita ao Museu Paulo Setúbal;
- JORNAL O PROGRESSO DE TATUÍ que sempre auxilia o Núcleo divulgando nossas ações culturais e educacionais;
- ESCOLA JOSÉ CELSO DE MELO que levou alguns de seus alunos, nesse dia 03 foram as sessões realizadas;
- Ao MUSEU PAULO SETÚBAL nosso eterno agradecimento a Cida Medeiros, Thonny Guedes, Flávio Machado, Maria Augusta, Beneh, Soraya Rossi pessoas que se dedicaram ao máximo para essa temporada;
- A SECRETARIA DE CULTURA E TURISMO na pessoa do secretário Jorge Rizek
- PREFEITURA DE TATUÍ
- MARIA EMÍLIA e LARISSA CRESCIULO que nos fotografou e gravou nosso trabalho
- E principalmente ao PÚBLICO que possibilitou termos lotação em todas as sessões realizadas.

Nossos mais sinceros: MUITO OBRIGADO!!!