É
chegado o fim de 2020!
Que
ano difícil!
Quantas
dores e lágrimas correram de nosso olhos por empatia ao próximo, ou mesmo, pela
dor de vivenciar a falta de ar de nossos entes queridos!
O
ar faltou tantas vezes, para tantos, que não suportaram o final da década.
Fomos
criados para o futuro, para que a vida permitisse o passado, vivenciasse o
presente, para que o futuro fosse próspero!
Próspero!?
Com
hospitais repletos, haveria futuro favorável?
Os
heróis de hoje, nossos médicos, enfermeiros, funcionários da saúde, doentes,
distantes de suas famílias, lutando por um ideal, lutando por salvar vidas.
Do
outro lado, a ausência de empatia. Hipocrisia!!!
Pessoas,
personalidades debochando da dor, capitalizando a importância do dinheiro e
desviando a atenção, e o dinheiro do povo, para espetáculos sem esmero.
A
vida sendo ceifada. Famílias sepultando seus entes. E os hipócritas, não crendo
na ciência, podendo desmerecidamente usar o poder, para salvar a vida dos seus
entes e se esquecendo dos entes de seu povo.
Lamentável!!!
2020,
não foi nada fácil! Nos distanciamos de quem amamos e nos isolamos. Escondendo
nossos sorrisos e vendo cair dos olhos as lágrimas amargas.
Impossível
falar de conquistas, neste momento. Pois as dores estão psicologicamente intrínsecas
na nossa história.
E
assim, 2020 foi cruel. E no momento mais cruel, sem direito de um abraço, mas
respeitando o direito do outro, ouvimos e aprendemos a etimologia da palavra
EMPATIA.
Neste
momento a Educação se fez necessária.
Mas,...
Como
exigir empatia de pessoas que não tiveram acesso à Educação?
Como
criar sistema de Educação remota, se os responsáveis não tiveram direito a
Educação presencial?
E
assim, a Escola teve que adentar na casa de todos, mas todos, não tinham como
alfabetizar, o que foi privilégio de poucos tantos.
Os
heróis da Educação se reinventaram, se recriaram, e tentaram, no que lhe é
possível, chegar até seus alunos.
E
pense que professores, diretores, funcionários de escolas lutaram, por ingentes
heroísmos obscuros que somente Deus teve conhecimento, para suprir a ausência presencial
de suas aulas. E a Escola foi vista pelos responsáveis que não é alfabetizar
apenas, mais um local de sociabilizar. Como nossos filhos sentiram falta de
suas escolas, de seus amigos. Porque reconhecem a importância dos pais, mais
tem ciência exata da importância da Escola em suas vidas.
E
o sufocamento de 2020 não parou apenas por falta de ar da espécie humana! Mas o
planeta gritou pela falta de ar, gritou nas chamas de um sintoma considerado
altamente angustiante e assustados, a dispneia governamental em zelar pelo meio
ambiente, e o meio ambiente retribuiu, o fogo sufocou a fauna e a flora.
Seria
o momento de refletirmos se a vida importa?
Vidas
importam?
Nosso
planeta transborda vida para a galáxia, mas será que valorizamos a vida?
Vidas
importam.
Vidas
Negras importam.
Poucos
entendem o que é uma Falta de ar, e no ano da Pandemia, a asma que mais feriu
nossos semelhantes foram atitudes de sufocamento, a falta de empatia sufocou Minnessota,
Porto Alegre, tirou o ar de seus semelhantes por racismo, e mesmo sem ar,
gritou-se ao mundo que “Vidas Negras Importam”.
Gritos
de dor, falta de respiradores, falta de ar, uma corda sufocou, nas artes, o
ator Flávio Migliaccio que como descrito em sua carta de despedida “Me
desculpem, mas não deu mais. A velhice neste país é o caos, como tudo aqui. A
humanidade não deu certo”, claro que descrevendo com clareza o que vivenciamos
em 2020, onde o descaso com a vida humana foi o maior sufocamento que vivenciamos.
A
arte aliviou o isolamento, as perdas, o ano de 2020. Mas se esqueceram que a
arte precisa de vida, do artista para contribuir com o estado espiritual das
pessoas e permitir que a humanidade consiga se entender por meio de seus
significados. Isolados, artistas do mundo inteiro buscaram formas de acalentar
nossas dores. Porque o choro se fez ouvir:
“Chora
A
nossa pátria, mãe gentil
Choram
Marias e Clarisses
No
solo do Brasil”
E
em solo Tupiniquim, depois da suspensão das atividades culturais, o desespero e
a sanção e regulamentação de uma Lei para o Setor da Cultura chegou tardia, mas
veio, veio para:
“A
esperança equilibrista
Sabe
que o show de todo artista
Tem
que continuar”
Encerramos
uma 202ª década ordinal, e o Brasil, Brazil, zil, sil....
O Brazil não conhece o Brasil
O Brasil nunca foi ao Brazil
Tapir, jabuti
Liana, alamanda, ali, alaúde
Piau, ururau, aki, ataúde
Piá-carioca, porecramecrã
Jobim akarore, Jobim-açu
Uô, uô, uô
Pererê, camará, tororó, olerê
Piriri, ratatá, karatê, olará
Pererê, camará, tororó, olerê
Piriri, ratatá, karatê, olará
O Brazil não merece o Brasil
O Brazil tá matando o Brasil
Jereba, saci
Caandrades, cunhãs, ariranha, aranha
Sertões, Guimarães, bachianas, águas
Imarionaíma, ariraribóia
Na aura das mãos de Jobim-açu
Uô, uô, uô
Jererê, sarará, cururu, olerê
Blá-blá-blá, bafafá, sururu, olará
Jererê, sarará, cururu, olerê
Blá-blá-blá, bafafá, sururu, olará
Do Brasil, SOS ao Brasil
Do Brasil, SOS ao Brasil
Do Brasil, SOS ao Brasil
Tinhorão, urutu, sucuri
Ujobim, sabiá, bem-te-vi
Cabuçu, Cordovil, Cachambi, olerê
Madureira, Olaria e Bangu, olará
Cascadura, Água Santa, Acari, olerê
Ipanema e Nova Iguaçu, olará
Do Brasil, SOS ao Brasil
Do Brasil, SOS ao Brasil
Citações
O Bêbado e a
Equilibrista - Aldir Blanc, João Bosco
Querelas do Brasil - Aldir
Blanc